Este blog se destina a fornecer informações sobre a Língua e a Cultura Tupi-guarani. Além de comunicar eventos relacionados ao tema, traz notícias das aldeias e comunidades indígenas, atualizando sobre os direitos indígenas, apontando blogs e cursos correlatos. Os alunos do curso de extensão que ocorre no ISERJ , em Língua e cultura tupi-guarani, por parceria com o CESAC (Centro de Etnoconhecimento Sócio-Ambiental Caiuré- cnpj 73295875/0001-31) são nossos blogueiros inscritos.
terça-feira, 6 de março de 2012
Quem são os jovens índios que lutam para criar um museu ao lado do Maracanã, no Rio
RIO - O som das máquinas pesadas que destroem o vizinho Maracanã abafa os cânticos. Mas não é capaz de calar o grupo de jovens índios que invoca a ajuda das forças da natureza para permanecer no espaço do antigo Museu do Índio, na Radial Oeste, onde uma aldeia em miniatura abriga cerca de 20 representantes de etnias nativas de todo o país.
A maioria dos mais novos estuda - conclui o ensino médio ou cursa História ou Ciências Sociais na também vizinha Uerj, por exemplo. Enquanto, orgulhosos das suas origens, tentam se fazer visíveis como índios, também procuram se integrar à sociedade carioca.
- Sempre vivi no mato. Agora trabalho aqui e ajudo a difundir a cultura guajajara. Dou aula de tupi-guarani. Quero me qualificar e voltar para o Maranhão, para ajudar o meu povo - diz Zahy Guajajara, de 21 anos. - Sou muito orgulhosa da minha gente, mas acho que muitos índios são submissos. Estamos aqui para que a sociedade nos enxergue. Nosso plano é criar um centro cultural neste espaço que já é dos índios há muito tempo.
No meio do caminho, porém, estão planos de investidores privados para transformar a área num estacionamento para o Maracanã ou num shopping. Em agosto do ano passado, a Defensoria Pública da União decidiu pedir ao Iphan o tombamento do conjunto, para transformá-lo num museu vivo dedicado aos povos indígenas.
- Ainda não temos garantias de que poderemos ficar. Para nós, é uma questão de resistência - diz Tserewaihi Tsirobó, o Omar, um índio xavante de 24 anos.
Como os outros jovens da tribo - há xavantes, guajajaras, pataxós, guaranis, apurinãs... -, Tserewaihi frequenta a Lapa, vai ao estádio assistir a jogos de futebol, trabalha, namora. Ele diz que a integração é relativamente fácil no Rio, embora critique a superficialidade das relações.
- Já namorei uma gaúcha que conheci na internet. Sou borracha fraca (tímido), mas dá para me virar. Adoro a cidade, quando quero relaxar vou ao Horto e fumo meu cachimbo na cachoeira. Quero fazer vestibular e ficar aqui - diz o xavante.
A exemplo dele, Tcharry Guajajara, de 27 anos, também quer se estabelecer no Rio. Ele vai fazer o próximo Enem e sonha cursar Enfermagem:
- Aqui me confundem com mexicano, boliviano, até chinês. No supermercado onde eu trabalho me chamam de Jack Chan. Falta conhecimento sobre os índios aqui, precisamos recontar nossa história. Não desaparecemos, como dizem os livros. Continuamos muito vivos e orgulhosos de quem somos.
Todo mês eles fazem um evento no espaço para difundir suas tradições. A partir das 12h, há cantos, danças e venda de artesanato e pratos preparados segundo as receitas indígenas. O próximo será em 4 de setembro, chova ou faça sol, como dizem. E não importa que as máquinas do Maracanã gritem mais alto.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/megazine/quem-sao-os-jovens-indios-que-lutam-para-criar-um-museu-ao-lado-do-maracana-no-rio-2691550#ixzz1oOnFsu2S
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