segunda-feira, 30 de maio de 2011

CESAC - CENTRO DE ETNO CONHECIMENTO SÓCIO CULTURAL E AMBIENTAL CAUIERÉ

O CESAC – Centro de Etno-conhecimento Sócio-cultural e Ambiental Cauieré - entidade associativa sem fins lucrativos de defesa de direitos e interesses indígenas registrada no RCPJ/RJ sob o nº 490.156, CNPJ sob o nº 73.295.875/0001-31 e no Ministério da Justiça ped. OSCIP de nº 08071.008534/2007-37, desde 1993, com sede na Rua Maracá, nº 7, em Tomás Coelho, Rio de Janeiro sendo um patrimônio histórico de valor inestimável – e pólo de resistência cultural indígena - que está ameaçado de demolição pelos poderes públicos Estadual e Municipal do Rio de Janeiro (RJ), vem, por meio do presente documento, solicitar o apoio de Ongs e Instituições indígenas e não indígenas com o objetivo de receber auxílio no projeto de reforma e da defesa para destinação à cultura indígena do imóvel do antigo Museu do Índio, na Cidade do Rio de Janeiro, que se encontra em ruínas.

No dia 20 de outubro de 2006 o Movimento dos Tamoios, representado, na ocasião, por trinta e cinco representantes de 17 etnias indígenas de várias partes do Brasil, dentre essas, Guajajara (MA), Pataxó (BA), Tukano (AM), Mayoruna (AM), Fulni-ô (PE), Apuriña (AM), Kayapó (PA), Krahó (MA), Krikati (MA), Xavante (MT), Xukuru e Kariri (AL), Guarani (RJ e PR) e Tikuna (AM), Potiguara (PB), reassumiram o antigo casarão em ruínas, (antigo museu do indio) na Avenida Radial Oeste, bairro do Maracanã (Rio de Janeiro). Construído em 1910, o casarão já sediou o Serviço de Proteção do Índio (SPI), fundado pelo Marechal Rondon. O prédio chegou a abrigar, a partir da década de 1950, o Museu do Índio, fundado por Darcy Ribeiro e desativado em 1978, sendo transferido para o bairro de Botafogo. O local ficou abandonado, sendo depredado sucessivamente.

Em outubro de 2006 indígenas de várias etnias haviam participado do “1º Encontro Movimento dos Tamoios: Pelo Resgate dos Direitos dos Povos Originários do Brasil”, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), ocasião em que foi votada a proposta de ocupação do antigo Museu do Índio. Após o encontro, os representantes do Movimento Tamoio acompanhados de sindicalistas foram para o espaço e tiveram uma negociação com os responsáveis pela administração que resolveram entregar a posse do imóvel e a ocupação ocorreu de forma pacífica. Lembrando a forma como o próprio Darcy Ribeiro transformou o local em Museu do Índio, nos anos 50, o casarão se encontrava na mesma situação: abandonado. O Movimento, desde o início da ocupação, contou com o apoio de entidades como o SEPE, CNTE, SINTRASEF, CESAC, ASIB, CA de Química da UERJ, DCE da PUC, de instituições como MPF, UERJ, UFRJ, UNIRIO, UFF, CEFET e com a solidariedade de diversos movimentos. O espaço é ocupado por indígenas e descendentes de várias etnias, desde outubro de 2006, como centro de preservação e difusão da cultura indígena, além de ponto de abrigo e proteção para indígenas de todo o Brasil, que chegam à Cidade do Rio de Janeiro sem amparo governamental ou institucional. Os ocupantes estão lutando pelo sonho do local ser finalmente reformado e transformado em um centro cultural. A instalação de um espaço próprio para os povos indígenas desse país na Cidade do Rio de Janeiro, destinado à educação e à transmissão de cultura indígena sob a ótica indígena, estimula o diálogo inter-étnico e enriquece de saberes ancestrais o cidadão urbano, carioca ou não, que desconhece a realidade indígena brasileira contemporânea, principalmente a realidade do cidadão indígena desaldeado, cidadão excluído das políticas públicas, visto que os Povos Originários já possuem o IDH mais baixo do país – e os índios no meio urbano, para piorar a situação, estão longe do abrigo de suas aldeias e de suas famílias, sofrendo muitas vezes com o preconceito, além de um violento choque cultural no ambiente urbano. O Movimento Tamoio foi batizado com esse nome em homenagem à Confederação dos Tamoios, insurreição indígena, ocorrida entre 1556 e 1567, contra a invasão portuguesa às terras brasileiras e a tentativa de escravizar os Povos Nativos. Iniciada pela nação Tupinambá, a revolta contou com a participação – e a união – dos Povos Goitacaz, Aimoré e de diversas etnias situadas ao longo do Vale do Paraíba, na então Capitania de São Vicente, contra o domínio português. A Confederação dos Tamoios foi dizimada pelo poderio bélico de Estácio de Sá, auxiliado pelos flecheiros Temiminó, inimigos dos Tupinambá, mas permaneceu vivo o conceito expresso na própria palavra “Tamoio”, que vem do vocábulo Tupi “Tamuya”, significando “o mais Velho, o mais Antigo” e denotando a primazia – ao menos moral – dos Povos Originários sobre esse solo onde se constituiu uma nação chamada Brasil, bem como o ideal de união dos Povos Ameríndios para conquista de seus direitos elementares. O Movimento Tamoio declara que o espaço do antigo Museu do Índio, no Maracanã, é Patrimônio Indígena – aberto a todos aqueles que desejam apoiar a causa - e propõe que o espaço seja reformado e usado – não somente como vitrine para as questões discutidas pelo Movimento Indígena, como políticas públicas para os Povos Originários, tais como demarcação de terra e diferenciação nas áreas de Saúde e Educação – para a criação de uma Universidade Indígena no Rio de Janeiro, promovendo educação diferenciada, saberes ancestrais, ministrados por anciãos das mais diversas etnias, e ensino de História e Cultura Indígena (de acordo com os ditames da Lei nº. 11.645/08 de março/2008).

Está sendo elaborado um projeto de criação de um pólo de Ensino à Distância, com sede no espaço do antigo Museu do Índio, com o objetivo de prover formação a indígenas das partes mais remotas do país nas áreas de Educação, Saúde, Meio Ambiente e Assistência Social, promovendo assim a elevação do IDH dos Povos Originários. Muitas escolas públicas e particulares já visitaram o local para conhecer de perto a cultura e os costumes predominantes no Brasil antes da chegada de Cabral e a realidade indígena contemporânea. Instituições como a APAE também levaram seus alunos para conhecer o local, por meio do apoio da SOCITO – Sociedade Civil e Cidadania para todos. A sustentabilidade do espaço é o que mais preocupa no momento, já que os ocupantes do Museu vivem exclusivamente de artesanato e doações. A política de doações aos resistentes ainda funciona de forma precária, tendo, inclusive, alguns dos ocupantes passado necessidades no empenho heróico de defender a posse do espaço, Patrimônio Indígena.

Os indígenas sediados no RJ são impedidos de venderem livremente seus artesanatos na praia de Copacabana, cartão postal do Rio de Janeiro, e em outros logradouros públicos da cidade pela Postura Municipal, apesar do Estatuto do Índio (Lei 6.001/73) e a Convenção 169 da OIT disporem sobre o respeito e a promoção do artesanato indígena como forma de subsistência e expressão cultural e da Constituição garantir textualmente esse direito, pois, segundo a Carta Magna, é mister “respeitar, ao proporcionar aos índios meios para o seu desenvolvimento, as peculiaridades inerentes à sua condição” e “assegurar aos índios a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida e subsistência”. A instalação de um espaço próprio, de Propriedade Indígena, em local privilegiado, próximo ao Maracanã, é uma garantia para que indígenas de todas as etnias possam comercializar seus artesanatos livremente e enriquecer o contato inter-étnico com cariocas e turistas, já com vistas nos eventos esportivos de 2014 e 2016. Contamos com o apoio de todos, Instituições, Organizações Indígenas ou não, para a defesa e reforma desse patrimônio inalienável para as populações indígenas brasileiras, destinado à educação e à transmissão de cultura, hoje ameaçado de demolição para construção de um estacionamento, assim como apelamos para a solidariedade com nossos irmãos indígenas que, sem qualquer aporte financeiro, resistem na defesa do prédio do antigo Museu bem como do terreno que o abriga, espaço coberto de árvores centenárias e ninhos de pássaros, em meio à selva urbana de cimento e concreto armado do Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro, 15 de Novembro de 2009.

CESAC

Revista"índio'

A PRIMEIRA EDIÇÃO DA REVISTA "iNDIO" ESTÁ NO ENDERÊÇO:
http://revistaindio.files.wordpress.com/2011/05/revista-indio_final1.pdf

Palestrante: Aarão Guajajara - ISERJ


Palestra: Direitos dos Povos Indígenas - Aarão por jgnunes

Palestrante: Aarão Guajajara
Dia: 11 de abril de 2011 às 18 h e 30 min
Local: ISERJ

sexta-feira, 27 de maio de 2011

"Índio que faz isso, tia!" Trabalhando sobre as culturas indígenas na Educação Infantil




"ÍNDIO QUE FAZ ISSO, TIA!"


Autoras: Eliete Marcelino e Elisangela Rodrigues
Pedagogas e Pós-graduadas em Educação Indígena -UFF


A questão indígena entrou em nossas vidas de maneira bem diversa. Enquanto uma sensibilizou-se com a causa, durante a adolescência, quando teve que fazer um trabalho no Ensino Médio sobre as influências das culturas indígenas na cultura brasileira, a outra sofria preconceitos na escola, desde a infância, por ser diferente, por ser descendente direta de indígena. Passando por constrangimentos perante os colegas e sendo obrigada a calar-se quando questionava, em casa, sobre seus antepassados. O encontro se deu no curso de pós-graduação da UFF, especialização em Educação Indígena. Em seguida, ambas foram chamadas para trabalhar na mesma escola de educação infantil do município de Niterói.


Trabalhar as culturas indígenas com crianças da educação infantil foi um desafio enfrentado por ambas durante os seus quase três anos na rede municipal de educação de Niterói. De acordo com os referenciais curriculares nacionais para a educação infantil é de extrema importância desenvolver nas crianças dessa faixa etária o respeito pelo diferente. Apresentar as diferentes culturas existentes em nosso país é uma maneira de promover o diálogo entre as partes (indígenas e não indígenas), preparando esses pequenos indivíduos para respeitar e valorizar as diferentes culturas. Muitas descobertas foram feitas pelas crianças do grupo 6, com 5-6 anos em 2007 no projeto da Prof.ª Elisangela: Jogos e Brincadeiras Indígenas, que surgiu diante da fala de uma criança que disse: "índio não é gente porque come gente". Diante desse comentário, passou-se a fazer comparações em relação ao cotidiano dos índios e não-índios. Já no ano seguinte, no grupo 4, com crianças de 3-4 anos, ambas iniciaram o projeto pedagógico intitulado "Índio que faz isso, tia!". Essa frase foi dita após a indagação de um colega a respeito do barulho produzido pelo ato de bater a mão na boca enquanto se emitia um som, como faziam os índios, segundo seus saberes prévios.


O nosso objetivo maior é instigar as crianças para o respeito às diferenças. É fazê-las entender que existem inúmeras maneiras de se viver, de se ver o mundo, de lidar com as coisas do mundo e de falar no mundo. Para tanto, oferecemos a oportunidade de conhecer algumas culturas de algumas das centenas de etnias indígenas existentes no Brasil a fim de promover: o conhecimento para gerar o entendimento; o entendimento para levar ao respeito e o respeito para que seja verdadeira a valorização desses diferentes.



A escola tem um papel fundamental de mediação para que a comunicação entre os diferentes aconteça de forma respeitosa entre as partes. Pensando nisso trabalhamos com projetos pedagógicos envolvendo toda a comunidade escolar, principalmente nossa turma de crianças de 3 a 4 anos de idade. Utilizamos como metodologia: a contação de histórias, mitos e contos indígenas de diferentes etnias do Brasil e de autores indígenas; Entrevistas e a visita de um grupo indígena Pataxó oriundos da aldeia do sul da Bahia; Oficinas de argila, de pintura corporal, de brinquedos e brincadeiras, de danças e de músicas indígenas; Degustação de alguns dos principais alimentos indígenas – mandioca e milho; no mini-projeto "É preciso amar a terra" incentivamos o plantio e o cultivo de milho, tomates e de flores pelo jardim da escola, além de confeccionar um puff com garrafas pet e brinquedos com papelão, como o dominó dos bichos e o jogo da memória.


Os melhores resultados temos percebido no dia-a-dia quando as crianças, em suas brincadeiras, imitam a dança, a reza e os jogos indígenas; conversam entre si nomeando os indígenas pela etnia estudada (o Pataxó, o Guarani e o Munduruku foram os principais) e não mais pelo termo geral ÍNDIO; Cuidam das plantas espontaneamente, repetindo que é preciso dar água e colocar terra; observam e comentam as transformações no céu, no tempo; olham com o olhar curioso de um pesquisador para os pequenos bichos da natureza, num movimento de apreciação e cuidado. O envolvimento da comunidade escolar foi muito marcante. Uma das funcionárias da escola disse: "Achei uma experiência interessante e enriquecedora com as crianças. Uma oportunidade de vivenciar culturas diferentes. Já está despertando o respeito pelo ser humano em primeiro lugar, e pela causa indígena, que a gente vê tão desvalorizados, tão massacrados historicamente, quase dizimados".


É preciso transformar a nossa sociedade, vezes tão preconceituosa e mesquinha de valores e de práticas de cidadania, garantindo a comunicação entre os diferentes (os indígenas e os não indígenas). As crianças levam para casa aquilo que aprendem e envolvem sua família também. "Estou aprendendo muito sobre os índios com meus filhos..." disse a mãe de dois alunos.



Este relato de experiência foi apresentado e publicado nos anais do Projeto Saúde e Educação para a Cidadania - CCS/UFRJ.

terça-feira, 24 de maio de 2011

domingo, 22 de maio de 2011

BRINCADEIRAS, BRINQUEDOS E JOGOS INDÍGENAS.

BRINCADEIRAS, BRINQUEDOS E JOGOS INDÍGENAS.

O brincar nem sempre é visto de forma positiva, mas entretanto, permeia todas as culturas. O lúdico constrói em poucos minutos compreensão de regras que na escola a pessoa leva anos para compreender e respeitar. Outro engano é destinar a brincadeira apenas às crianças, o lúdico faz-se necessário por toda a vida. Uma pessoa em sua completude não perde o prazer pela brincadeira e liberdade, ao contrário é justamente essa liberdade cultivada que vai fazer com o indivíduo não precise buscar de subterfugio para preencher seus vazios e questões incompletas.

Dentro desta perspectiva, analisando a várias culturas que constituem nossa sociedade, fazer um resgate histórico daquilo que vivemos em nosso cotidiano e principalmente das origens de nossos jogos, brinquedos e brincadeiras é que apresentamos algumas de nossas pesquisas.

SOL E LUA - üacü rü tawemüc’ü

Essa brincadeira também é conhecida em outras localidades com outros nomes como PASSARÁ DE BOMBARÉ .Crianças dispostas em coluna por um, segurando na cintura do que está à frente. Duas outras crianças, representando o SOL E A LUA, fazem uma "ponte", mantendo as mãos dadas acima. Cantando, as crianças passam sob a ponte várias vezes. Numa das vezes o Sol e a Lua prendem o último ou os dois últimos. Perguntam-lhe para que lado querem ir. A criança escolhe e vai colocar-se atrás do Sol ou da Lua. E assim continuam até terminar. Quando todas as crianças passam, têm-se dois partidos. A duplas mantém os braços dados, e todos mantêm-se segurando na cintura do colega da frente. Vão puxar-se, para ver que partido ganhará. Ganhará aquele grupo que conseguir "puxar" o outro. E puxam várias vezes, marcando ponto para quem consegue derrubar ou desarticular o outro partido. Nesse jogo vê-se não somente o uso da força. Surge a questão do poder de decisão, que é colocado em evidência. É dada à criança a opção de escolha do partido ao qual quer pertencer. Além disso é também trabalhada a noção de equipe, de conjunto, pois é todo um partido fazendo força para puxar o outro partido.

CABAS - Maë

As crianças são divididas em dois grupos: um de roçadores e outro que representa as cabas. Essas se sentam frente a frente numa pequena roda, cada uma segurando na parte de cima da mão do outro, como se fosse o ninho de cabas. Cantam e balançam as mãos para cima e para baixo. Os roçadores fazem movimentos com os braços, como se estivessem roçando sua plantação até chegar próximo ao ninho de caba. Um deles, sem perceber bate no ninho e as cabas saem a voar e a picar os roçadores. É um salve-se quem puder As cabas ou marimbondos são insetos muito comuns nas matas.

GAVIÃO E GALINHA - O’ta i inyu.

Uma criança mais forte é escolhida para ser o gavião, ave forte e comedora de pintinhos. Outra criança representa a galinha, que fica de braços abertos, tendo atrás de si todos os seus pintinhos. O gavião corre para tentar comer um dos pintos, mas só pode pegar o último. A galinha tenta evitar dando voltas e mais voltas, impedindo que o gavião pegue seu pintinho. O gavião só pode pegar o pinto pelo lado. Não pode tocar por cima. Quando ele consegue, come o pintinho, ou seja, a criança fica de fora da brincadeira. Algumas vezes a criança passa a ser também gavião. Essa é uma brincadeira comum entre as crianças. Quase todos conhecem. Em outra localidade pode até mudar de nome, mas sempre há a figura do gavião como aquela fera que vem para comer os pequenos animais que não podem se defender.

MELANCIA - Woratchia

Crianças representam as melancias, ficando agachadas, em posição grupada, com a cabeça baixa, espalhadas pelo terreno. Existe o dono da plantação de melancias, que fica cuidando, com dois cachorros. Existe outro grupo, que representa os ladrões. Os ladrões vêm devagar, e experimentam as melancias para saber quais estão no ponto de colheita, batendo com os dedos na cabeça das crianças. Quando encontram uma melancia boa, enfiam-lhe um saco, e saem correndo com ela. É aí que o cachorro corre atrás do ladrão para evitar o roubo.

VIDA

Jogo de bola semelhante à "queimada". Dois partidos, em seus campos. Uma criança lança a bola e tenta acertar em alguém do outro partido. Se conseguir acertar e a bola cair no solo, a criança "queimada" sai do jogo.

CURUPIRA

Uma criança fica com os olhos vendados. A outra vem e faz com que aquela dê três voltas girando. Depois, ela pergunta: "que que tu perdeu"? E ela responde "perdi uma agulha; perdi um terçado; E todas as crianças fazem suas perguntas. Quando chega a vez da última criança, esta pergunta-lhe o que o Curupira quer comer. Quando o curupira tira a venda e vê que não tem a comida que ele pediu, sai correndo atrás das crianças e todos saem em disparada para não serem apanhados. Quem for apanhado passa a ser presa do curupira ou vai desempenhar o seu papel.

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JOGO DA ONÇA

Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKa1ugJnq5qhOFJtlOR1InZxpnFIJN5y2LFRC-Cju8bnRpnQsdJf-9_LWGKxdFXR5FDsGzy7drwl-dFHKEksQ0wKeJ6A1-jpno3zVtexiKZTrDGoll6XmumZ647DhkK2syOY8GK3T5vh0/s200/adugojogobororos.jpg

Este jogo é jogado no chão, com o tabuleiro traçado na areia. No lugar de peças, os índios utilizam pedras. Uma pedra representa a onça e outras 14, bem parecidas, representam os cachorros. Ele é jogado por dois jogadores. Um deles atua como onça, com o objetivo de capturar os cachorros do adversário. A captura é feita como no jogo de damas. O jogador que atua com os cachorros tem o objetivo de encurralar a onça e deixá-la sem possibilidade de movimentação.

Jogos, Brinquedos e Brincadeiras observados entre os Kamaiurá

Brinquedos:

· pião (Y'ym),

· zumbidor (Y'ym),

· arma de pressão (Mocauara Angap),

· metralhadora (Urapat),

· perna de pau (My'yta),

· helicóptero (Y'epem),

· peteca (Popok).

Descrição Geral

Pião - feito com a fruta yua'apong e varinha de bambu. Entre os Yawalapti foi citado ainda o pião feito com a fruta do tucum, em que é feito um furo para produzir um zumbido. O pião é lançado friccionando a varinha de bambu.

Zumbidor - feito com um pedaço de cabaça esculpida em forma de um círculo e com dentes nas extremidades. Dois furos são feitos no centro de círculo por onde se passa um barbante cumprido que é amarrado nas extremidades para formar um cordão duplo. Para fazer o brinquedo funcionar deve-se enrolar o cordão duplo e puxar as extremidades de forma a fazer girar o círculo de cabaça. Ao girar a cabaça provoca um zumbido característico.

Arma de pressão - um tubo de bambu com as pontas enroladas com fibra de buriti serve de arma. A munição é a polpa do pequi que não pode estar muito maduro. A polpa é colocada nas duas extremidades do tubo de forma a quando se empurra uma delas com um graveto, a da frente é lançada com grande força em direção ao alvo.

Metralhadora - feita com o caule da bananeira que é recortado de forma a produzir um barulho semelhante a tiros quando se fecha os diversos recortes.

Perna de Pau - feita com madeira local e uma tira de embira. A tira de embira serve para fixar dois pedaços de madeira menores onde se apoia o pé. O nó da tira é especial de forma a se poder ajustar a altura em que a pessoa fica apoiada.

Helicóptero - uma plantinha local é usada para construir um brinquedo que é lançado para o alto com a fricção do caule.

Peteca - feita com palha de buriti e recheada com folhas de algodão para ficar macia.

Brincadeiras

· marimbondo (Kap),

· aonde está o fogo?,

· luta na água,

· Brincadeira da perereca (Tamara Angap),

· brincadeira do pinto (Takwãiara Angap),

· brincadeira da mandioca. (na figura

Jogos - Ywa Ywa, Ui'ui,

· cama de gato (Mojarutap Myrytsiowit),

· Jogo do Jawari.

Jogos Observados entre os Yawalapti

Jogos

· Tïpa, Jogo da Velha índio.

Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTv5_K2BxqNYPMmxAOQzTzSAk1VzcQQNsAPCICmjJeRxqq5WdBtqCde8FgRHD2Z8YnprdxyQdBoXTOFoYBWUvXu-ymYqrTh_v0BhNw9l8gc2hyphenhyphen_Ys7DRulIh0P8wzDPnM4tTFiFq5ZDFQ/s320/marimbondokaimura.jpg

Marimbondo - brincadeira na areia em que se separam dois grupos, sendo um de meninas e outro de meninos. As meninas brincam de casinha, fazendo beiju enquanto os meninos constroem na areia uma casa de marimbondo. Em seguida, as meninas percebem a existência da casa de marimbondos e tentam destruí-la. Ao fazê-lo saem correndo com os meninos em sua perseguição para picá-las. Depois de um tempo os grupos se revezam. (na figura)

Onde está o fogo? - brincadeira na areia da praia. Cava-se um buraco que caiba um menino dentro e um túnel de comunicação com este buraco de forma a que uma criança seja totalmente encoberta pela areia dentro do buraco e possa respirar pelo tubo. Em seguida uma criança pergunta pelo tubo: onde está o fogo? A criança que está no buraco tem que dar indicações como direita, esquerda, atrás. Até que as crianças aceitam a direção e a criança encoberta pela areia possa sair do buraco.

Luta na água - uma criança fica de pé no ombro de outra, sendo que duas duplas de crianças participam da brincadeira. As crianças que estão em cima se dão as mãos e tentam derrubar o adversário. Vence quem consegue ficar sem cair.

Perereca - os homens constroem uma vagina totalmente de cera e outra de cabaça e cera. Eles vão até as malocas para provocarem as mulheres que vêm até o centro da aldeia para capturarem as vaginas. Os homens resistem o que podem ao ataque e em seguida lançam a vagina para outro. Quando as mulheres capturam a vagina elas a destroem.

Pinto - a mesma brincadeira descrita acima em que se substituem a vagina por um pênis e os grupos se revezam com as mulheres lançando o pênis para outras mulheres e os homens tentando capturá-lo para em seguida o destruírem.

Mandioca - um homem deita no chão e os demais deitam por cima formando uma pilha até que o primeiro não aguente mais o peso e deixe todos caírem no chão.

Ywa Ywa - jogo que exibe a habilidade dos indígenas no uso de arco e flecha. Um grupo de crianças lança um aro circular feito de fibra de buriti que rola no chão enquanto outro grupo tenta atingir este aro. O número de aros totaliza 5. Quando o segundo grupo consegue atingir os 5 aros, os grupos trocam de posição e o primeiro grupo passa a tentar atingir os aros com as flechas.

Ui'ui - jogo de estratégia feito na areia e utilizando um fio de buriti bem afiado. Um dos jogadores, secretamente, enterra o fio de buriti na areia fazendo uma curva de forma a que os demais participantes não saibam aonde este fio termina. Para dificultar ele coloca diversos pedaços de fio de buriti em locais diferentes da área do jogo. O jogador, em seguida, move o fio de buriti para frente e para trás e os demais jogadores têm que descobrir aonde o fio termina.

Cama de Gato - neste jogo os indígenas formam diversas figuras usando um fio tecido de buriti. Os desenhos são figuras ligadas à cultura indígena como morcegos, gaivota, peixinhos, tucunaré e cobra.

Jawari - jogo de dardos que utiliza um lançador. Nele, o lançador tenta atingir o adversário com um dardo longo e o adversário tenta se esconder atrás de varas.

Tïpa - desenha-se um círculo na areia onde se colocam 5 pedrinhas. Dois jogadores se revezam na tentativa de lançar as pedrinhas para cima usando um colher de pau de forma a que elas caiam de volta dentro do círculo. Quem deixa uma das pedras cair fora perde a partida.

Jogos, Brincadeiras e Brinquedos observados entre os Bororos:

Bóe e-woada bá - brinquedo de trançado de folíolos de broto do babaçu.

Óre kugure - bonecas

Paopao - peteca.

Os Jogos do Povo Paresis
Os Paresis são um povo alegre e cheios de jogos, brinquedos e brincadeiras todos muito originais e criativos. Os Paresis sabem jogar boliche, bocha e jogos com dados mas tudo de uma maneira muito particular e tradicional.

O boliche é chamado Tidymure. O jogo só é praticado pelas mulheres. No centro da aldeia prepara-se uma pista retangular de, aproximadamente, 15 metros de comprimento por 1 metro de largura. Nas duas extremidades são fixados os pinos, 2 de cada lado, constituídos por uma haste feita de bambu e tendo no topo uma semente de milho. A haste é enterrada na areia. Para o lançamento os indígenas utilizam uma fruta do marmeleiro como bola. Como os pinos são muito sensíveis a qualquer contato da bola, fica muito fácil distinguir os pontos conseguidos pelas equipes.

A bocha dos Paresis é chamada por eles de Kolidyhô.A bocha é um jogo muito popular na Europa onde são utilizadas bolas de metal. O objetivo é conseguir um lançamento que faça as bolas se tocarem. No Kolidyhô, os indígenas utilizam estacas de madeira, colhidas na floresta ao redor da aldeia. Mas as regras são muito semelhantes ao jogo europeu. Lança-se uma estaca e os jogadores tentam lançar as estacas subsequentes de forma a que a distância entre elas não ultrapasse um palmo.

O jogo de dados é conhecido por eles como Rifa assim mesmo em português o dado utilizado, esculpido em madeira, tem 4 faces sendo que apenas uma delas é marcada com um X. As outras faces não têm qualquer desenho. Quando o dado fica com a face marcada com o X para cima, o jogador tem a chance de vencer a rodada. Mas o adversário sempre tem a chance de conseguir o empate num sistema de apostas que descrevo a seguir.
O povo Paresi sabe apostar e apostam em todos os jogos que funcionam sempre da mesma forma: os 2 jogadores apostam qualquer coisa. No passado eram flechas, cestos ou enfeites. Atualmente eles apostam cigarros, canivetes ou sabonetes. Em seguida, um dos jogadores tenta alcançar o objetivo do jogo. Quando consegue, o adversário sempre tem a chance de conseguir, em seguida, empatar o jogo. Mas quando apenas um jogador consegue o objetivo, ele é o vencedor da aposta e fica com os 2 objetos apostados. Depois, eles apostam outros objetos e continuam a partida.

Pesquisa realizada em 22 de maio de 2011

Disponível em: http://www.motricidade.com/index.php?option=com_content&view=article&id=135:brincadeiras-e-jogos-da-crianca-indigena-da-amazonia-algumas-brincadeiras-da-crianca-tikuna&catid=48:docencia&Itemid=90 acesso em 26 de agosto de 2010

Disponível em: http://criancas.uol.com.br/novidades/ult2367u73.jhtm. Acesso em 26 de agostro de 2010.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Genealogia

Sou Sonia da Silva Ortiz, Coordenadora do Laboratório Lúdico Interdisciplinar do ISERJ, Mestra em Educação, aluna do Curso de Extensão em Língua e Cultura Tupi Guarani, realizado no ISERJ. Descendo por parte de pai, de Martin Afonso Tibiriçá, “[...]intrépido chefe da aldeia de Inhapuambuçu e régulo de uma parte das tribo dos guaianás estabelecidas nos campos de Piratininga, em verdade dele receberam sangue as mais tradicionais famílias paulistas” (Monteiro Ortiz, 1988, p. 69). Tibiriçá, que significa chefe da tribo maioral, era genro de João Ramalho, que também segundo Darcy Ribeiro (1999, p. 84) por aqui aportou, provavelmente antes de Cabral, e tinha filhos com muitas índias (temericós), em sistema de cunhadismo. Essa história seria bonita se Tibiriçá não tivesse acometido sobre seu próprio irmão Araraí, chefe da confederação de índios tupiniquins, carijós e guaianás para apoiar João Ramalho e os Jesuítas da capitania vicentina. João Ramalho faleceu em 1562, nonagenário e do seu casamento com Bartira ou Mbici, filha de Tibiriçá, batizada Izabel Dias, nasceram oito filhos , entre eles D. Joanna Ramalho da qual descendo, que junto com os filhos de outras índias povoaram a Vila de Santo André da Borda do Campo aonde Ramalho foi capitão, alcaide-mor e vereador. Por parte de mãe sei apenas que meu tataravô Silva era índio de Pernambuco que se casou com Filomena Vianna depois de cativá-la e levá-la com ele. Filomena, como as outras irmãs, que também foram levadas por cablocos e índios do Nordeste, era uma das 12 filhas de um fazendeiro português que para cá viera, e dela nasceu Manoel Vianna da Silva . Este meu bisavô, seguiu a tradição e também cativou a bela Antonia Avelina da Silva, minha bisavó, filha de açoreanos portugueses e tiveram muitos filhos, dizem que 15 barrigadas de gêmeos, entre eles Francisco e minha avó Francisca Vianna da Silva que se casou com Severino Ferreira da Silva, outro compadre, amigo ou parente de Lampião, rei do cangaço. Como retirantes da seca pelo Nordeste, passaram pela Paraíba até chegar a Belém do Pará com a família retirante. Outras sementes indígenas se somaram a essa árvore, mas essas são as mais relevantes.

Referências

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: evolução e sentido do Brasil. 14ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MONTEIRO, Ortiz. Velhos Troncos. 2ª Ed. Prefeitura Municipal de Taubaté, Taubateana: nº 11, III série, 1988.